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Balanço das negociações dos reajustes salariais do 1º semestre de 2014

O DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, através do Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS-DIEESE), apresenta o balanço dos reajustes salariais do primeiro semestre de 2014.

Foram analisados os reajustes de 340 unidades de negociação da Indústria, Comércio e Serviços em todo o território brasileiro. Os reajustes foram extraídos dos acordos e convenções coletivas de trabalho assinados por essas unidades de negociação.

Para o cálculo dos ganhos reais auferidos, utilizou-se a inflação medida pelo INPC-IBGE – Índice Nacional de Preços ao Consumidor, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dado que é o indicador mais utilizado como referência nos processos de negociação coletiva. Também foram calculados os ganhos reais a partir da comparação com o Índice do Custo de Vida do DIEESE (ICV-DIEESE).

Para melhor compreensão das negociações coletivas no primeiro semestre de 2014, seus resultados serão comparados com os das negociações coletivas empreendidas pelas mesmas 340 unidades de negociação nos anos anteriores.

Resultados

No primeiro semestre de 2014, cerca de 93% das 340 unidades de negociação analisadas pelo SAS-DIEESE conquistaram reajustes salariais acima do INPC-IBGE. A maioria dos reajustes resultou em ganhos reais de até 3%, com maior incidência na faixa de ganho entre 1% e 2% acima do índice.

Reajustes em valor igual ao INPC-IBGE foram observados em aproximadamente 4% das unidades de negociação, e reajustes abaixo, em quase 3%.

Na comparação com os reajustes conquistados pelas mesmas 340 unidades de negociação desde 2008, observa-se que apenas em 2012 a ocorrência de aumentos reais foi superior ao verificado em 2014. Em relação ao valor médio do aumento real, os reajustes do primeiro semestre deste ano ficaram atrás de 2012 e muito próximos ao observado em 2010.

Ao se comparar os maiores e menores valores de aumento real, os aumentos reais médios e os aumentos reais localizados nos quartis da amostra, observa-se que os ganhos conquistados pelas negociações do primeiro semestre de 2014 estão entre os mais elevados do período, só ficando atrás dos resultados de 2012, e em parte dos resultados de 2010.

Outra característica importante do desempenho das negociações do primeiro semestre é a baixa dispersão dos valores dos aumentos reais. Se por um lado os menores ganhos não foram tão baixos como em outros anos, por outro, os mais altos não foram tão elevados. Antes resultaram em um quadro mais uniforme, com valores mais próximos ao valor médio do semestre.

Conclusão

A análise dos reajustes salariais do primeiro semestre de 2014 revela resultados melhores do que o registrado para as mesmas unidades de negociação no ano anterior. A melhora, que se expressa tanto no crescimento do número de reajustes acima do INPC-IBGE, como na elevação dos valores negociados, foi observada em todos os setores econômicos e regiões geográficas.

Em relação ao desempenho registrado pelas mesmas unidades de negociação desde 2008, observou-se que os reajustes do primeiro semestre deste ano estão entre os melhores analisados pelo DIEESE, atrás somente do verificado em 2012 e, em certos aspectos, em 2010.

Alguns fatores podem ajudar a explicar o bom resultado das negociações do primeiro semestre de 2014. O primeiro foi a redução das taxas de inflação, que resultou em índices de reposição inflacionária menores do que os verificados no ano anterior. Outro fator importante foi a manutenção das taxas de desemprego em patamares baixos, o que, em geral, denota um mercado de trabalho aquecido e encoraja a mobilização dos trabalhadores. Por fim, há que se considerar o efeito catalizador de algumas paralisações importantes realizadas no primeiro semestre, em especial as de trabalhadores na área de limpeza urbana e de transporte coletivo. O fato de terem sido bem sucedidas pode ter servido de estímulo para que outras categorias profissionais reivindicassem ganhos salariais maiores.

Os mesmos fatores deverão ser considerados em qualquer tentativa de prognóstico para as campanhas salariais do segundo semestre. Em relação à inflação, vários indicadores, dentre eles o INPC-IBGE, o ICV-DIEESE e a pesquisa de Cesta Básica do DIEESE, sinalizam para a manutenção da tendência de queda captada nas últimas pesquisas, o que é positivo para as negociações coletivas. No entanto, é preciso avaliar o quanto a redução da inflação é devida ao desaquecimento econômico, o que pode resultar em efeito negativo aos trabalhadores.

Finalmente, deve-se ter em conta, também, o poder de mobilização dos trabalhadores. Sabe-se que as negociações do segundo semestre costumam trazer resultados melhores do que as do primeiro, uma vez que nesse período do ano estão concentradas as datas-base de importantes categorias profissionais brasileiras. Portanto, os prognósticos devem ser feitos levando em consideração o poder de mobilização das categorias profissionais e suas estratégias de negociação.

Fonte: DIEESE.

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