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Rompimento de barragem reacende um alerta sobre as privatizações

O rompimento da Barragem de rejeitos de minérios em Brumadinho-MG, ocorrida na última sexta-feira, dia 25, causou uma grande catástrofe em nosso país, podendo ser comparada apenas ao rompimento da Barragem de Mariana, no mesmo estado, ocorrida há três anos. 

Muitas pessoas mortas, centenas de desaparecidas, além do dano material, histórico e ambiental, o qual poderá levar anos para ser recuperado, isso se houver essa possibilidade. Tudo arrastado pela força da enxurrada de lama e pela ganância de empresários que colocaram o interesse financeiro acima de qualquer outra coisa. Uma tragédia anunciada e que reacende um alerta sobre os prejuízos que as privatizações podem acarretar em nosso país.

A título de conhecimento, a Mineradora Vale deixou de ser uma estatal em 1997, quando foi vendida para a iniciativa privada, no então Governo de Fernando Henrique Cardoso, a “preço de banana” por R$ 3,3 bilhões, muito abaixo do seu valor de mercado, estimado em R$ 100 bilhões na época.

O que se sabe de concreto até o momento é que tragédias como essas, presenciadas em Minas Gerais, poderiam ser evitadas com uma gestão eficiente, implantação de novas tecnologias e uma fiscalização constante e responsável. Entretanto, tudo isso envolve a necessidade de investimentos, o que para empresas privadas se torna um mau negócio, tendo em vista que essas empresas só pensam em lucrar, optando por um sistema de trabalho ultrapassado e de baixo custo, que não oferece um mínimo de segurança, tanto para os trabalhadores quanto para à população em geral. Na prática, a lógica do capital privado é dividir a responsabilidade, para reduzir o risco aos acionistas e maximizar os lucros.

Isso ocorre devido à falta de estrutura e interesse do Poder Público quanto à fiscalização a qual, inclusive, é terceirizada e ineficaz, diferentemente do que ocorre com as empresas estatais que possuem quadros próprios e responsáveis para estes procedimentos.

Não pense que isso é algo que está longe da nossa realidade. Atualmente, tanto o Presidente Jair Bolsonaro, quanto o atual mandatário do Paraná, Carlos Massa (Ratinho Junior), já afirmaram serem a favor das privatizações e ambos têm processos bem avançados nesse sentido. Setores como o de eletricidade, saneamento, telefonia, gás, transporte entre outros, são as meninas dos olhos de empresas privadas, face à sua alta lucratividade.

Entretanto, o que parece ser a salvação da pátria, nada mais é e continuará sendo do que falta de responsabilidade, ética, social e ambiental, com a geração de enormes prejuízos à população, que terá que arcar com aumento nas tarifas, precarização dos serviços, além de que para não engrossar a fila do desemprego, os trabalhadores terão que se submeter a situações de trabalho cada vez mais degradantes. Na verdade, independentemente do preço que a população terá que pagar, as privatizações beneficiam única e exclusivamente os grandes empresários.

Resta-nos ainda um resquício de esperança, que estas tragédias sirvam para ampliar o diálogo a cerca das políticas de privatizações, de forma a garantir a prestação de serviços públicos, de qualidade e acessíveis para todos, mas com segurança.

O SAEMAC aproveita ainda para expressar o profundo pesar aos habitantes de Brumadinho, que possam ter forças para recomeçar e lutar por seus direitos na tentativa de minimizar o sofrimento pelo qual estão passando.

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