Notícia
divulgada ontem (02/11) pela imprensa dá conta do que já temíamos: Beto Richa
vai colocar à venda ações da Sanepar e da Copel. Segundo as informações
divulgadas, a venda de ações da Sanepar virá primeiro e está prevista para
acontecer ainda este ano. Em seguida, em 2017, o governo pretende vender ações
da Copel.
Essa
venda de ações se tornou possível depois que os deputados estaduais aprovaram o
pacotaço de medidas proposto por Beto Richa, em setembro deste ano. Entre
outras coisas, o pacotaço autorizou o governo a vender ações das duas
principais estatais paranaenses sem depender da aprovação da Assembleia
Legislativa.
A
venda das ações da Sanepar está no aguardo apenas de um parecer favorável da
Comissão de Valores Mobiliários – CVM, órgão do governo federal responsável por
disciplinar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários e negociações de ações
de empresas em bolsa e fundos de investimentos. O governo Richa não deve
encontrar dificuldades nisso, já que atualmente o governo federal defende a
privatização das empresas estatais estaduais, entre elas as de saneamento.
O
governo estadual fala em arrecadar R$ 1,3 bilhão com a venda das ações da
Sanepar e da Copel. O Secretário da Fazenda, Mauro Ricardo da Costa atua como
propagandista dessa iniciativa, mencionando que os recursos serão investidos em
estradas, habitação, saúde, educação e segurança. A fala do secretário na
imprensa é genérica e não aponta concretamente quantas e quais obras o governo
pretende realizar.
A
população paranaense corre o risco de ter um montante significativo do
patrimônio acionário de suas duas principais empresas estatais vendido, sem
respostas para perguntas importantes:
-
Quanto o poder público deixará de receber e reinvestir em serviços ao longo do
tempo, vindos de dividendos de lucro da Sanepar, abrindo mão de um volume
significativo de ações?
-
Quanto deveriam valer as ações da Sanepar, considerando a segurança de retorno
que representam ao longo do tempo, por haver exclusividade na exploração do
saneamento?
-
Que obras e serviços concretos se projeta realizar com os recursos arrecadados,
para que a população possa julgar se vale a pena agora e cobrar depois?
Não
há respostas para essas perguntas. Mas o deputado Tadeu Veneri (PT), que lidera
a bancada de oposição ao governo, não acredita que o governo conseguirá
arrecadar nem metade do que anda propagando. Calculando com base nos valores
das ações no mercado, ele alerta que a arrecadação ficaria em torno de R$ 640
milhões, apenas.
O
Saemac considera que a venda de ações seria uma traição à sociedade paranaense,
que sempre primou pelo patrimônio das duas empresas. Quando em campanha por sua
eleição e reeleição, Beto Richa comprometeu-se em preservar e valorizar a
Sanepar e a Copel. Foi eleito com essa expectativa e não o contrário.
Junto
com outras entidades sindicais e movimentos sociais, o Saemac vem se posicionar
contra essa medida e cobrar esclarecimentos para as questões que levantamos
aqui. É muito importante que os saneparianos ajudem a esclarecer a população
sobre a dilapidação do patrimônio paranaense.