Sabemos que a água é um recurso essencial para a
sobrevivência de todos os seres vivos, mas apesar de o nosso planeta ser repleto de água, estima-se que
apenas 0,77% esteja disponível para o consumo humano em lagos, rios e
reservatórios subterrâneos. Vale destacar, no entanto, que essa quantidade não
está distribuída igualmente por todo o território, consequentemente, existem
locais onde esse recurso é considerado bastante valioso.
Além da escassez de água em algumas regiões, enfrentamos
ainda o problema da baixa qualidade. A poluição causada pelas atividades
humanas faz com que a água esteja disponível, porém não esteja própria para o
consumo. Estima-se que 20% da população mundial não tenha acesso à água limpa
e, segundo a UNICEF, cerca de 1400 crianças menores que cinco anos de idade
morrem todos os dias em decorrência da falta de água potável, saneamento básico
e higiene.
Diante da importância da água para a nossa sobrevivência e
da necessidade urgente de manter esse recurso disponível, surgiu o Dia Mundial
da Água. Essa data, comemorada no dia 22 de março, foi criada em 1992 pela
Organização das Nações Unidas (ONU) e visa à ampliação da discussão sobre esse
tema tão importante.
E é pensando nisso que foi realizado de 17 e 22 de março, em Brasília,
o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA). O evento foi promovido por
movimentos sociais e reuniu militantes de todo o Brasil com o objetivo de
avançar no debate da preservação da água, sobretudo, como bem público e
universal.
Ao longo dos cinco dias de evento, centenas de atividades,
fóruns e debates foram realizados na capital federal. O FAMA também serve como
contraponto ao Fórum Mundial da Àgua, que conta com apoio da Agência Nacional
de Águas (ANA) do governo do golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e de
grandes corporações.
Na pauta do FAMA, temas que não serão abordados no chamado
“fórum oficial”, como os dois anos de impunidade da Samarco no caso da
destruição do Rio Doce, o trabalho realizado pelo Ministério Público de Minas
Gerais nesta questão e o lançamento da cartilha da CUT sobre a o problema
hídrico em São Paulo, entre outros temas marginalizados pela grande mídia.
Trazendo todas estas questões para a realidade do nosso
estado, a presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, destacou que é imprescindível
esse contraponto ao fórum das corporações, que conta com apoio, entre outros,
do Governo Federal. “Há um processo de mercantilização da água. A água cada vez
mais torna-se mercadoria, deixando de ser um bem de acesso público e universal
”, enfatizou.
Regina cita como exemplo a questão do Paraná, em que a SANEPAR
está cada vez menos pública e cada vez mais nas mãos do mercado. “Hoje apenas
20% das ações estão sob controle do Governo do Estado. Todas as demais estão
nas mãos de grupos privados. Não basta ser uma empresa estatal, é preciso ser
uma empresa pública. Qual o reflexo deste tipo de cenário? O aumento na
distribuição de 25 para 50% nos dividendos da empresa é um bom exemplo.
Distribui-se o lucro, socializa-se o endividamento em detrimento de políticas
sociais que garantam o acesso à água para populações mais vulneráveis”,
completa Regina.