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PARA AGRADAR O MERCADO FINANCEIRO, SANEPAR QUER NOVO AUMENTO NA TARIFA

Conforme já alertado pelo Dieese e o SAEMAC, a tarifa pode sofrer mais um reajuste esse ano  



Na noite desta quinta-feira (18), a Sanepar solicitou novo pedido de aumento da tarifa  para a Agencia Reguladora do Paraná – AGEPAR. A empresa justifica o novo aumento como uma compensação pelo não aumento da tarifa em 2020 que não ocorreu devido à pandemia do Coronavírus. No final de dezembro, a Agência autorizou aumento, mas substituiu o índice do reajuste baseado no Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pois, segundo a  Agepar era considerado o mais adequado devido à realidade atual.  Dessa forma, ao invés  do IGP-M,  que saltou para 23,14% em 2020, foi usado o IPCA, que subiu 4,52%. Em 05 de fevereiro, a Sanepar reajustou a tarifa para 5,11%. Agora,  a empresa quer a compensação baseada no IGP-M.  

A possibilidade do novo aumento ainda este ano já havia sido alertado pelo Dieese e pelo Sindicato dos Trabalhadores no Saneamento no Paraná – SAEMAC, no estudo “Análise do Reajuste Tarifário 2020 da Sanepar, divulgado no início de fevereiro. 

Pressão do mercado financeiro
O pedido da Sanepar é uma forma de agradar o mercado financeiro que, alheio aos efeitos da pandemia, rebaixou a nota da companhia depois que a Agepar não autorizou o reajuste em 2020, o que foi visto como “intervenção do governo”, pelo sistema.

“É lamentável  ver a Sanepar se curvando a essa prática terrorista do mercado para agradar os acionistas. A falta de sensibilidade em querer impor mais um aumento nas costas da população que já sofre com a pandemia e seus efeitos sobre a renda das pessoas mostra como a empresa tem se desvirtuado de sua função social e está mais preocupada em dar lucro para acionista do que em servir a população paranaense. Vamos ver como vai se comportar o governo do Estado diante da situação”  diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Saneamento do Paraná – SAEMAC,  Rodrigo Picinin. 

Lucro em cima de lucro
O estudo do Dieese mostra que os aumentos tarifários ocorridos entre 2011 e 2019 responderam por 93,68% do crescimento da Receita Operacional Direta da empresa, que teve incremento de R$ 3,5 bilhões. No mesmo período o lucro líquido da companhia cresceu 697%, o que fez com que os acionistas da empresa recebessem cerca de R$ 2,25 bilhões em dividendos, um crescimento com média de 32% em relação à 2009.  Se considerar somente o ano de 2019, em comparação com 2010, os dividendos distribuídos para os acionistas cresceram 788,18%, saindo de apenas R$ 37,2 milhões (2010) para R$ 330,4 milhões (2019). Isso  foi possível graças a uma medida do governo Beto Richa que, em 2011, aumentou de 25% para 50% o percentual de lucro a ser destinado aos acionistas. É interessante notar que nessa ocasião o mercado não chiou da intervenção do governo.



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