O que esperamos da justiça trabalhista no dissídio
é que faça justiça. Isso significa uma coisa muito simples: que enxergue quem
está sendo injustiçado.
A Sanepar já
começou com atraso a negociação do Acordo Coletivo. A primeira rodada só
aconteceu no dia 03 de março, época em que já deveria estar avançada. Depois de
desmarcar reuniões e enrolar tudo que podia, só no dia 14 de abril apresentaram uma proposta,
que basicamente previa a reposição da inflação pelo INPC.
Vamos registrar aqui: desde o primeiro momento o
Saemac deixou claro que os trabalhadores saneparianos queriam que a negociação
COMEÇASSE com a garantia de que as perdas
inflacionárias fossem repostas e todas as conquistas anteriores fossem
garantidas. É daí que deveria COMEÇAR a negociação, e não terminar.
Na história
dessa negociação, a Sanepar fechou as portas para os trabalhadores, querendo
esconder uma realidade que salta aos olhos: a empresa vai muito bem, com lucro
líquido de R$ 438 milhões em
2015 e de R$ 144,3 milhões apenas
no primeiro trimestre de 2016, num crescimento de 67,5% em relação ao primeiro
trimestre de 2015.
No site do jornal Gazeta do Povo do último
dia 18 de julho, matéria destaca que a Sanepar está entre as cinco empresas
mais lucrativas do Paraná, depois de ter conseguido aplicar, em especial no ano
passado, “extraordinário” reajuste tarifário.
A Companhia tem bancado gastos publicitários
para o governo. Abriga em seus quadros centenas e centenas de cargos de
confiança, mais para acomodação política do que para uma boa gestão. Por outro
lado, mantém boa parte de seus trabalhadores do setor de produção com salários
iniciais baixíssimos, sofrendo sem reajustes decentes, apesar de darem tudo de
si pelos resultados da empresa.
O que esperamos do julgamento do TRT? Que leve em conta essa realidade.
Está tudo lá, juntado pelo Saemac no processo. O que esperamos é que o senso de
justiça seja mais forte que o assédio do poder. Só isso.