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88% rejeitam mudanças nas regras de aposentadoria, diz pesquisa

Oito em cada dez brasileiros rejeitam mudanças nas regras da Previdência Social, segundo pesquisa feita pela Vox do Brasil para a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Os dados foram divulgados nesta segunda (28), uma semana após integrantes do governo confirmarem que está em análise uma proposta de reforma que impõe limites de idade mínima para a aposentadoria. CUT, Força Sindical e UGT são algumas das centrais que já se posicionaram contrárias a mudanças nas regras e reclamaram da falta de debate sobre o assunto.

O ministro Nelson Barbosa (Fazenda) afirmou na segunda (21), dia em que tomou posse no cargo, que o governo deve enviar no começo de 2016 uma proposta de reforma da Previdência Social ao Congresso, que deve alterar os requisitos de idade para a aposentadoria.

A reforma da Previdência foi apontada pelo novo ministro como a mais urgente entre as reestruturações necessárias. Um dia depois da declaração, o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) também confirmou que o governo se reuniria para discutir o tema, mas que ainda não havia um modelo definido de mudança nas regras da aposentadoria a ser adotado. O levantamento divulgado pela CUT foi feito com 2.000 pessoas entre os dias de 11 e 14 de dezembro -antes de o governo anunciar que estudava mudanças nas regras.

Os entrevistados são de 153 cidades (capitais, regiões metropolitanas e interior) e tem 16 anos ou mais. As mudanças nas regras da Previdência Social são rejeitadas pela maioria dos trabalhadores de todas as faixas de renda, de idade e de diferentes e níveis de escolaridade em todas as regiões. Entre os brasileiros que ganham dois salários mínimos, o percentual que afirma que o governo não deve mexer nas regras para se aposentar é de 87,8%. Acima de cinco mínimos, é de 86,4%.

Regiões

Na região Nordeste, 89,2% se posicionam contrários a mudanças que dificultem a aposentadoria -o maior percentual de rejeição. Em seguida vem a região Sul, com 88,4%. No Sudeste, esse percentual é de 87,1% e no Centro-Oeste, 85%. 

"Os trabalhadores sabem que, quando se fala em reforma na Previdência, não se discute a questão da seguridade social, mas sim o custo que a Previdência tem e a retirada de direitos. Não se discute por exemplo as empresas que estão inadimplentes e poderiam pagar o que devem", diz Vagner Freitas, presidente da CUT.

O sindicalista também afirma que as centrais não foram consultadas para debater o assunto nem mesmo no fórum para discutir mudanças na Previdência, criado pelo governo neste ano. "Para que criou o fórum então? Não justifica inclusive a nossa participação. Para que ficar em um fórum que não tem validade? ", questiona o sindicalista. "Em 29 de dezembro do ano passado, os trabalhadores foram surpreendidos com o pacote de maldades do governo, o chamado ajuste fiscal, que tirou direitos, paralisou a economia e gerou juros altos, recessão e desemprego. De novo, não dá para repetir a dose", diz Freitas.

Manifestações

As centrais devem discutir manifestações em conjunto a partir de 2016 em protesto a mudanças que possam prejudicar os trabalhadores. "O governo atropela o diálogo com as centrais sindicais e arbitrariamente aponta a tesoura dos cortes ao pouco que o Estado brasileiro retorna aos trabalhadores efetivamente contribuintes da Previdência Social", diz Ricardo Patah, presidente da UGT. 

Em nota divulgada, a UGT afirma que "escolher este momento de grave crise, com o país à beira da depressão econômica, para propor reforma da Previdência e trabalhista é um verdadeiro crime de lesa trabalhador". A Força Sindical também se posicionou contrária às reformas. "Causou-nos estranheza o anúncio do governo de que fará reformas trabalhista e previdenciária estabelecendo um limite de idade para a aposentadoria, apenas para mostrar ao mercado que realmente vai buscar o equilíbrio fiscal", diz o documento assinado por Miguel Torres, presidente da central.

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